Até bem pouco tempo, construíamos nossos caminhos e paradigmas rumo a uma carreira de sucesso, ancorados no conceito prévio que nos acompanha desde criança: \”para nos desenvolvermos é preciso uma boa base educacional que nos leve a um bom curso universitário, com uma boa pós-graduação, um bom mestrado, doutorado, um bom pós-doc, etc.\”.
É fato que tal conceito tem se mostrado cada vez mais insuficiente para dar respostas objetivas e de alto desempenho em nosso meio produtivo, seja na indústria, no agronegócio ou nos serviços, onde estão lotados os bacharéis, advogados e outros operadores do Direito.
Um dado pitoresco sobre o Brasil revela que 82% das pessoas economicamente ativas desenvolvem suas atividades dentro de um altíssimo grau de estresse. Na Europa, este mesmo índice oscila entre 2% e 7%. Outra informação bastante relevante é a que apresenta o Brasil como campeão mundial em rotatividade no emprego. Pelo menos 76% de trabalhadores deixam seus empregos por falta de gestão em suas emoções, com repercussão nos relacionamentos interpessoais.
O Brasil também é apontado como campeão mundial em doenças da depressão e figura entre os países onde mais se trabalha em horas e menos se produz dentro do conjunto das horas trabalhadas. Pesquisas mostram que por aqui precisa-se de cerca de cinco trabalhadores para compensar a produtividade de um único trabalhador norte-americano. Inúmeras variantes sustentam esta realidade, mas aqui queremos abordar, em especial, a que consideramos o pilar central do tema deste artigo: a falta de gestão das emoções e das crises situacionais.
Em nosso país, ainda que os dados oscilem, cerca de 75% das novas empresas que se apresentam ao mercado – entre elas, escritórios de advocacia – encerram suas atividades antes de completarem cinco anos de atuação. Cerca 50% delas não chegam ao segundo ano.
Timidez, medos, instabilidades, receios, dificuldade para falar em público, baixa percepção de fatos, entre outros fatores limitadores profissionais, não podem fazer parte do mundo do Direito. Os operadores deste setor podem – e devem – investir na área de autocontrole e reprogramação neurológica, para que criem a desconstrução dos fatores estressores e passem a elevar suas performances fazendo uso de novas técnicas e novos conceitos prévios.
Logo, colocamos em cena uma advertência que, com a devida coragem e humildade, nos impõe a uma reflexão: como ir além e, de fato, construir uma nova roupagem em nossa formação acadêmica que contribua para a estabilização da formação de profissionais de excelência, elevando cada vez mais a performance da advocacia e a garantia e amplitude dos direitos daqueles que se servem dos operadores deste Direito?
Da mesma forma como temos dialogado com grandes empresários, empreendedores, executivos de altas patentes, gestores públicos e privados, dialogamos, também, com os prestadores de serviços autônomos, grupo que congrega todos os operadores do Direito, para que se atentem a um elemento central, chamado hoje de Desenvolvimento Estratégico de Pessoas.
Este tema faz parte de uma movimentação nacional que visa levar a todos os seguimentos produtivos, um maior – e melhor – desempenho ao que se faz, repensando a forma e os resultados do que se faz, equalizando e preparando o profissional para se auto-conhecer, mapear seus estressores, seus limitadores e suas melhores qualidades, para potencializar suas ações frente ao que chamamos de crise situacional e gestão de suas emoções. Assim, não basta mais se desenvolver. É preciso desenvolver-se de forma estratégica.
De posse desta nova ferramenta, ancorada em sua planificação neurológica, temas como timidez, medo, ansiedade, instabilidades, desalinhamento de foco, procrastinação, auto-sabotagem, adversos neurológicos e outros limitadores passam a ser corretamente gestados, dando lugar à alta performance do profissional.
O advogado, o bacharel, o acadêmico e todos os operadores do Direito devem atentar-se cada vez mais a esta nova exigência do mercado, posto que a oralidade, a expressividade, a expansividade, a metalinguagem e a percepção situacional, entre outras variantes, tornaram-se fatores determinantes ao sucesso e imprescindíveis ao papel de destaque deste profissional.
Por fim, sugerimos que a gestão das emoções, assim como a gestão situacional, sejam elementos de preocupação central na formação e construção de uma carreira exitosa e permanentemente cíclica para profissionais que buscam o máximo em crescimento e desenvolvimento.